BYD inaugura frota própria de “navios cegonha” para carros

A BYD começa a operar neste começo de 2024 o primeiro dos oito navios que comporão sua própria frota de entrega e que deve estar completa até o final do ano que vem. Com capacidade de levar até 7 mil veículos cada uma, essas embarcações indicam a expansão global da marca chinesa e, por tabela, dos carros eletrificados no mercado. Batizado de “Explorer No. 1”, esse primeiro navio foi entregue oficialmente à BYD no dia 10/1, no porto de Yantai, na China. Ele deve zarpar para sua primeira viagem ainda nesse começo de ano, partindo de outro porto chinês, Shenzem, com seus porões repletos de carros eletrificados da marca. O navio tem pouco menos de 200 metros de comprimento e, segundo a BYD, conta com engenharia naval de ponta e uma série de tecnologias relacionadas à eficiência energética e à sustentabilidade. Sua propulsão, por exemplo, combina combustível tradicional, derivado de petróleo, com gás natural liquefeito. E, para armazenar energia, são empregadas baterias da própria BYD, com tecnologia e fabricação próprias. A geração de eletricidade para o abastecimento a bordo vem de geradores acoplados aos eixos do motor, mais ou menos como num carro híbrido, o que reduz as emissões totais do navio. Segundo a BYD – que é hoje a maior produtora de veículos eletrificados do mundo –, os novos navios cegonha não transportarão somente os veículos fabricados pela empresa, mas também estarão disponíveis para levar carros de outras marcas chinesas, em um esquema de parceria aberta. E isso tudo serve como um forte indicador do crescimento dos veículos eletrificados – híbridos e totalmente elétricos no mundo. Enquanto grandes marcas ocidentais parecem avançar com certa desconfiança e pé perto do freio nessa direção, as chinesas cravam o pé no acelerador e começam a dominar o mercado.  Elétricos também crescem no Brasil A BYD já conta com três fábricas aqui no Brasil: uma para montagem de veículos comerciais, outra para ônibus e uma terceira para sistemas de geração fotovoltaica. E, até o começo do ano que vem, vai produzir carros de passeio, baterias e caminhões na antiga unidade da Ford, na Bahia. As ambições da marca para essa nova linha de montagem não são modestas: 150 mil veículos por ano. Serão modelos utilitários e “populares” de uma linha certamente será complementada por outros, que serão trazidos lá da China, no porão desses novos navios gigantes.   Navios da BYD vão contra a maré? Nas últimas décadas, a gente se habituou a ler nas seções de economia dos jornais que as grandes empresas estavam se concentrando em seus negócios principais, os chamados “core business”, e terceirizando todas as outras atividades paralelas a isso, entre elas a logística, responsável pelo transporte e entrega de seus produtos. A justificativa era de que essa estratégia permitiria reduzir custos e aumentar a eficiência dessas atividades, já que elas passariam a ser desenvolvidas por empresas especializadas e equipadas para isso. Nada mais de comprar caminhões, aviões ou navios. E, se o serviço fosse ruim, o terceirizado poderia ser trocado. Na maioria dos casos, todas essas vantagens são reais e, não por acaso, esse tipo de estrutura é hoje o padrão entre as grandes empresas (e muitas médias e pequenas, também) pelo mundo afora, nos mais variados segmentos. O único senão é que, em momentos em que o mercado estiver superaquecido, com uma demanda por transporte maior que a capacidade das empresas de logística puderem atender, os contratos para esse transporte podem subir muito de preço, sofrer a ação de cartéis ou concorrentes e, em casos extremos, pode até faltar logística para alguém.  Daí fazer sentido uma gigante como a BYD montar e operar a sua própria frota de navios, e assim garantir o transporte de seus veículos para os mercados em que atua, sem ter de se sujeitar aos humores do segmento de logística e reforçando, com a pontualidade da entrega, a confiança em sua marca – que, afinal, é comparativamente nova e desconhecida por muitos.