MUITO ALÉM DE RODAS E MOTORES: Há 50 anos, começava a nascer o primeiro Fórmula1 brasileiro

por Luiz Carlos Secco O automobilismo, assim como a vida, é cheio de surpresas, algumas ótimas e outras nem tão boas assim. Cada dia é diferente e pode mudar o curso das coisas.Terminei o ano falando do Wilsinho Fittipaldi e me preparei para começar 2024 destacando mais um de seus feitos. Infelizmente, ele está lutando para permanecer conosco e eu desejo e rezo pela sua imediata e total recuperação.Minha maneira de homenageá-lo é seguir destacando as suas realizações que mudaram e moldaram o automobilismo de competição nacional.Nos primeiros dias de janeiro de 1974, o Jornal da Tarde publicou, com exclusividade, a primeira entrevista com os irmãos Wilson e Emerson Fittipaldi e os planos para criação da primeira equipe brasileira de Fórmula 1 e construção do primeiro modelo para disputar o campeonato mundial.Na verdade, toda a história começou em agosto de 1973, quando descobri que Wilsinho tinha um plano de construir o primeiro carro brasileiro da Fórmula 1.Fui à empresa dos Fittipaldi, no bairro de Santo Amaro, para tentar esclarecer a informação e fazer a pergunta sobre o projeto. Ao ouvir minha pergunta seu semblante ganhou a mescla de tons pálido e rubro pela surpresa inesperada o que aparentemente confirmava a notícia.O projeto era ainda um segredo.Depois de alguns segundos e refazendo-se da surpresa confirmou com o seguinte comentário que revelou o nível de amizade e respeito que sempre marcou o nosso relacionamento. “Se eu mentir para você, fico com cara de bosta e peço para me dar um tempo para oficializar a informação porque o principal patrocinador ainda avalia o nosso projeto. E eu garanto a você total prioridade para essa notícia”. Considerei extremamente ousada a iniciativa e senti confiança pelo histórico dos irmãos Fittipaldi, esportistas marcados pelo espírito de pioneirismo.A intenção deles era um grande e difícil passo porque enfrentariam equipes estruturadas, com longa história na categoria, vinculadas a poderosas e tradicionais fábricas de automóveis cujas engenharias desenvolviam as mais avançadas tecnologias para suas equipes de competição.Na redação do jornal O Estado de S. Paulo, onde trabalhava, fui lembrando das iniciativas dos irmãos Fittipaldi no automobilismo brasileiro e o que já haviam realizado, além de serem grandes pilotos.Lançaram o kart Mini, seguindo a ideia de Colin Chapman, que mudou a posição do banco da Lotus, em que o piloto passou a conduzir quase deitado, em vez de sentado, para acentuar a aerodinâmica do veículo; criaram o primeiro curso Bardahl de pilotagem do Brasil, formando muitos pilotos; construíram as primeiras rodas de magnésio no País, mais leves e resistentes para carros de corrida em parceria com a Italmagnésio.Também lançaram o primeiro volante esportivo, com o nome de Fórmula 1; idealizaram a categoria Fórmula Vê, no Brasil, com a construção inicial de 25 unidades; produziram o Fusca bimotor, que foi pilotado por Wilson Fittipaldi Junior e, fecharam a sequência com a construção do protótipo Fitti-Porsche, na primeira obra de Ricardo Divila, engenheiro formado no ITA (Instituto de Tecnologia Aeronáutica).E, um ano antes, em 1972, Emerson conquistara o primeiro título de campeão mundial da Fórmula 1, depois da iniciativa de desbravar o automobilismo europeu traçando o caminho que facilitou a invasão de brasileiros à Inglaterra em busca da oportunidade de chegar á categoria máxima das corridas de automóveis.E mais, em 1974, ano em que estava sendo desenvolvido e construído o primeiro Fórmula 1 brasileiro, Emerson alcançava o seu segundo título de campeão mundial da Fórmula 1. Sem dúvida, ambos tinham um invejável e confiável histórico de realizações. Aguardei até o final do ano, quando Wilsinho me chamou para uma reunião realizada no escritório da família Fittipaldi, onde me contou os planos e passos para a construção do primeiro carro brasileiro e a primeira equipe nacional da Fórmula 1.Wilsinho informou que o projeto estava no início e que apenas algumas ideias estavam definidas: o carro seria brasileiro e projetado por Ricardo Divila, que foi o construtor do protótipo Fitti-Porsche. Também os irmãos Fittipaldi haviam decidido que o motor seria o Ford Cosworth DFV, câmbio Hewland, freios Varga-Girling e pneus Goodyear, todos importados por falta de fornecedores instalados no Brasil.O chassi e a carenagem seriam construídos no Brasil com testes iniciais no túnel de vento a serem realizados pela Embraer. Durante o desenvolvimento do projeto o primeiro modelo, identificado como FD-01, entusiasmou o grupo por apresentar o menor arrasto aerodinâmico e provocar menos vácuo em comparação a um modelo de referência, características que o levaram a ser o modelo escolhido.Além da coragem de produzir um carro para enfrentar os melhores pilotos do mundo e os melhores construtores, a equipe brasileira começou com Wilsinho Fittipaldi e depois Emerson e também abriu oportunidades para outros brasileiros, como Alex Dias Ribeiro, Francisco Serra

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por Luiz Carlos Secco O automobilismo, assim como a vida, é cheio de surpresas, algumas ótimas e outras nem tão boas assim. Cada dia é diferente e pode mudar o curso das coisas.Terminei o ano falando do Wilsinho Fittipaldi e me preparei para começ >>>

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