Com nível em queda, Fórmula 1 2023 vira programa para assistir enquanto almoça

A Fórmula 1 vive, na temporada atual, o pior campeonato ao menos desde 2015. É uma afirmação que dá para ser feita com certa tranquilidade e diz respeito, de maneira geral, não apenas a briga (ou falta de) pelo título ou por vitórias. Mas a dificuldade enorme de se cavucar histórias. E comparar com 2015 é ainda olhar com certa benevolência, visto que a recuperação da Ferrari e as vitórias de Sebastian Vettel naquele momento, oito anos atrás, costuraram um ano com boas histórias. O maior problema de 2023 é justamente esse: a ausência de histórias que tirem o público da cadeira.Na segunda metade de 2022, quando Max Verstappen e a Red Bull dispararam para longe do restante dos rivais, o Mundial ainda oferecia um aperitivo da Ferrari em queda livre e uma Mercedes que tinha a primeira obrigação de se recuperar na era híbrida. Daniel Ricciardo, um dos mais influentes nomes da década anterior, parecia cada vez mais carta fora do baralho até ser demitido de fato, bem como Mick Schumacher e o suspense com o sobrenome mais influente da F1 desde a virada do século.Relacionadas▶️ Inscreva-se nos dois canais do GRANDE PRÊMIO no YouTube: GP | GP2▶️ Conheça o canal do GRANDE PRÊMIO na Twitch clicando aqui!A questão, portanto, não está somente na briga por vitórias. Verstappen faz algo notável ao dominar como talvez nunca se tenha visto e vencer dez de 12, bem como a Red Bull não é responsável por aniquilar a F1 ao ganhar todas as corridas e se mostrar ameaça real de, pela primeira vez na história, conquistar todas as vitórias do campeonato. Lewis Hamilton ostentou domínio retumbante entre 2017 e 2020, também, mas era difícil achar uma temporada com tremenda falta de emoções espalhadas como agora.Ademais um absoluto domínio da Red Bull, a Aston Martin lançou o nome no chapéu como grande história do ano. E, pudera, a volta de Fernando Alonso a frequentar pódios após dez anos é algo impressionante. Mas a animação das primeiras corridas, com discussões sobre a possibilidade do bicampeão descolar uma vitória em algum momento, deu lugar à falta de sustentação da Aston Martin se manter na briga pela segunda força. A McLaren, de campeonato silencioso até então, cresceu.Max Verstappen celebra vitória no GP da Bélgica (Foto: Red Bull Content Pool)A Mercedes é a segunda colocada do Mundial de Construtores e teve o imbróglio para se livrar do conceito ‘zeropod’ com a temporada em andamento, mas o fato de estar quase que sempre no limbo já transforma as possíveis emoções que criaria em altamente insossas, bem como a Ferrari em reconstrução. Nem mesmo as incertezas de Maranello dão algum gás, visto que já cansaram o público.Na parte de trás da tabela, tirando historinhas pontuais, dá para destacar as demissões de uma Alpine sem rumo, mas opaca demais para interessar, e a demissão de um Nyck de Vries que viveu sempre na AlphaTauri um grotesco estado de não-pertencer, dando lugar a um Ricciardo que não ficou fora tempo suficiente para causar saudades.Mais do que isso, convido o leitor a puxar pela memória os momentos mais marcantes da temporada nas corridas. Esqueça, por um momento, a pole de Hamilton na Hungria, a batida de Sergio Pérez em Mônaco, o pódio de Pierre Gasly na corrida curta na Bélgica. Esqueça, por breve instante, tudo que aconteceu aos sábados. Lembremos dos domingos, das corridas principais. Quantas recordações marcantes você tem do campeonato ainda em curso?São poucas. E é assim porque são, de fato, poucos momentos dignos de serem recordados. Com a sorte da chuva, a prova animou no final em Mônaco, bem como as confusões e relargadas fizeram do GP da Austrália a melhor prova do ano, até que de maneira disparada, até este momento. Mesmo assim, foi corrida apenas boa. Fosse um ano de nível aceitável, não seria muito memorável.Pierre Gasly e Esteban Ocon batem e causam bandeira vermelha no GP da Austrália: verdadeira barbeiragem (Foto: F1/Reprodução)Com o nível das provas, não dá para ignorar o baixo escalão onde a pilotagem se encontra também. Pilotos como Sergio Pérez, Pierre Gasly, Esteban Ocon, George Russell, Charles Leclerc, Carlos Sainz e companhia limitada vivem ano de muitos altos e baixos, com erros acumulados. Lando Norris melhorou recentemente e vive rendimento melhor que os demais, mas também não faz o melhor ano possível.As equipes erram muito acima do permitido. Seja a Ferrari sem caminho definido ou a Mercedes, com decisão de manter conceito fracassado contra os pedidos de Hamilton, passando pela Alpine à deriva ou a McLaren demorando dois meses para finalmente apresentar o carro de 2023, a F1 permite com muita facilidade que a Red Bull tome comando.Sem quase nenhuma tensão ou algo que prenda os olhos, a Fórmula 1 2023 virou aquele programinha leve para assistir durante o almoço: o espectador não precisa pensar muito nele e nem precisa olhar diretamente para a TV, afinal, está fazendo a refeição. Pode olhar de lad

Com nível em queda, Fórmula 1 2023 vira programa para assistir enquanto almoça
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