Achado usado: Ford Escort XR3, o esportivo nacional "atestado" por Senna
Modelo pré-série de 1983/1984 já foi restaurado e é altamente colecionável Os anos 1980 foram gloriosos para os esportivos nacionais, época em que a Ford lançou o Escort no Brasil para substituir o Corcel. A base era a mesma da terceira geração do modelo europeu, conhecida como Mk3. Moderna e com design esportivo, sua carroceria ditava três volumes “curto”, que fez dele um notchback, rendendo versões interessantes como a cobiçada XR3 (Experimental Research 3, pesquisa experimental 3), lançada em 1984. Para propaganda de época, a empresa convidou Ayrton Senna que, depois de fazer sucesso no kart, revelou seu talento na Fórmula Ford, tradicional categoria formadora de pilotos, seguindo para a Fórmula 3 e a Fórmula 1. Ford Escort XR3 tem cor vermelha na carroceria Divulgação/Interclassicos Niteroi Carro pessoal de Senna, o Ford Escort XR3 logo se tornou o sonho de consumo da molecada dos anos 1980, seja ele conversível - único disponível até a chegada do Chevrolet Kadett GSi, em 1991 - ou a hatch. Autoesporte achou um belo exemplar vermelho Sunburst 1983/1984 à venda por meio da loja Interclássicos de Niterói (RJ) que se encontra em impecável, com pintura refeita recentemente. “Nós pegamos ele pronto e original, mas para ficar mais bonito, mandamos pintá-lo, pois a pintura antiga não estava 100%; por ser um carro bem bacana e muito raro, valeu o investimento”, explica Eduardo Canuto, da Interclássicos. Atualmente, os modelos pré-série como este têm ganhado alto valor de mercado e atraindo a atenção de colecionadores, ainda que não tenham alcançado o patamar dos Gols GTis. No entanto, no caso do esportivo da Ford, é um modelo para se pensar, visando investimento. O das fotos tem o preço de R$ 59 mil e acompanha revista com reportagem da época do lançamento, manuais e demais documentos. Ford Escort XR3 de duas portas tem preço de R$ 60 mil Divulgação/Interclassicos Niteroi + Quer receber as principais notícias do setor automotivo pelo seu WhatsApp? Clique aqui e participe do Canal da Autoesporte. Ford Escort XR3 é “esportivo raiz com veneno extra” O hatch esportivo da Ford não era só maquiagem como vemos nos esportivos atuais. A realidade era outra para a alegria dos saudosistas que respiravam o inesquecível cheiro de álcool (hoje etanol) saindo pelo escapamento. No caso do XR3, o motor era o famoso CHT (Compound High Turbulence) - fruto do projeto Renault - 1.6 aproveitado das versões mais “civilizadas”, porém com um leve toque de veneno que incluía válvulas e comandos de válvulas, dutos de admissão e carburador (de corpo duplo) atualizados para ganhar em potência e torque. Com a ajuda de um câmbio manual de cinco marchas (com relações mais curtas às versões mais simples), o XR3 conseguia extrair até 81,7 cv de potência a 5600 rpm, contra os 73 cv a 5.200 rpm das versões mais mansas, enquanto que o torque cresceu em 12,2 kgfm a partir das longas 4.000 rpm, ante os 11,6 kgfm a 3.600 rpm. Não era um rojão em termos de desempenho, mas já satisfazia àqueles que buscavam um pouco mais de diversão. No zero a 100 km/h, a Ford declarava 13,4 segundos, enquanto que a velocidade final beirava os 164 km/h. Interior do Escort XR3 revela o câmbio manual, rádio e volante de dois raios Divulgação/Interclassicos Niteroi Apesar disso, seu maior combatente Volkswagen Gol GT era mais “evoluído” nesse sentido com o seu propulsor 1.8 (AP 1.8S) que garantia com folga 99 cv a 5.400 rpm e 14,9 kgfm a 3.600 rpm. Só para se ter uma ideia, junto ao câmbio manual de 4 marchas, o GT cumpria o 0-100 km/h em respeitáveis 9,7 segundos e máxima de 180 km/h. A “deficiência” do 1.6 CHT do esportivo da Ford foi mantida no Mk3 dando continuidade ao Mk4 (lançado em 1986) e durando até 1988. Mas, em 1989, foi introduzido o AP 1.8S do concorrente da VW que deu um fôlego extra ao XR3 (99 cv a 5.800 rpm e 16 kgfm a 3.200 rpm), graças a Autolatina, grupo formado entre as duas montadoras entre 1987 e 1996. Em um comparativo feito pela Autoesporte em 1989 com o recém-lançado Chevrolet Kadett GS, o XR3 se mostrou mais agradável de dirigir, com respostas muito mais precisas. Na época, o jornalista Raul Machado Carvalho também comentou o equilíbrio entre peso bruto e coeficiente aerodinâmico dos dois esportivos. Além dos bancos de tecido, Escort XR3 chegou a ter teto solar entre os equipamentos Divulgação/Interclassicos Niteroi “Andando, são quase iguais. A diferença na motorização – o Kadett com o motor dois litros já utilizado pelo Monza e o Escort com o 1.8 do Santana, ambos a álcool – na prática se equivale tendo em vista inúmeros outros detalhes que compõem o conjunto desses dois automóveis. O XR3, por exemplo, é 100 quilos mais leve que o Kadett, mas o coeficiente de penetração aerodinâmica é muito diferente: no GS é 0,30 e no XR3, 0,39. Todavia o desempenho dos dois esportivos foi bastante semelhante… O GS tem excelente estabilidade nas curvas mas arrancadas um pouco menos favoráveis", disse Machado. "Eficientes freios a disco ventilado
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