O incrível Fiat Uno a diesel que foi vendido na Europa com motor brasileiro
Versão lançada na Itália em 1983 usava motor a diesel produzido em Minas Gerais O Fiat Uno está celebrando 40 anos de seu lançamento no Brasil, ocorrido em 1984. No entanto, o modelo italiano já mantinha uma forte ligação com o nosso país antes disso, em 1983. Como é possível? Bem, o Uno foi lançado na Europa no início de 1983, em duas versões: 45 e 55, ambas com duas ou quatro portas. Eram equipadas, respectivamente, com motores 0.9 a gasolina de 45 cv e 1.1 de 55 cv. Alguns meses mais tarde, a oferta cresceu: nasceram o Uno 70, com motor 1.3 de 70 cv, e o Uno D, de diesel, com motor 1.3 litro de 45 cv. Fiat Uno foi lançado na Europa em 1983 e teve quatro versões antes de chegar ao Brasil Italdedign + Quer receber as principais notícias do setor automotivo pelo seu WhatsApp? Clique aqui e participe do Canal da Autoesporte. Os Uno 45 e 55 tinham duas opções de acabamento: uma básica e outra mais equipada, chamada S. No caso do Uno 70, somente a S era oferecida. Para os Uno D a configuração era curiosa: com duas portas, apenas a básica; com quatro portas, a única opção disponível era a mais completinha — chamada, então, de DS. Aí surge a forte ligação entre o Uno italiano e o Brasil, mesmo que o carro só tenha sido lançado em nossas terras aproximadamente um ano depois. É que o motor diesel dos Uno D e DS era produzido no Brasil, na fábrica da Fiat em Betim (MG). Era exportado para a Itália e, chegando lá, era instalado direto na linha de montagem dos Uno, na fábrica de Mirafiori. Fiat Uno trazia carroceria de quatro portas nas versões S Divulgação Você pode estar se perguntando o que justificaria tamanha operação, ainda mais por estarmos falando do início dos anos 1980 — imagine a logística para embarcar os motores para a Itália em um período no qual até fazer uma ligação telefônica internacional era complicadíssimo, além de muito caro. Simples: a Fiat do Brasil era a única unidade da montadora em todo o mundo a produzir esse motor. Mas como, se já era proibida a venda de automóveis a diesel por aqui, coisa que, aliás, prossegue até os dias de hoje? Ocorre que o Brasil também produzia, exclusivamente para exportação à Itália, além de outros países da Europa, o hatch 147 e a perua Panorama com esse mesmo motor diesel 1.3. Por lá, esses carros eram chamados de 127 Diesel e 127 Panorama Diesel. Foram lançados na Europa em 1980 (daí a chamada “frente Europa” do modelo nacional) e fizeram relativo sucesso por lá, por serem muito robustos, econômicos e mais baratos que outros automóveis da concorrência movidos a diesel. No caso dos 127 Diesel, os carros eram exportados inteiros e prontos para rodar, já com o motor no cofre. Isso ocorria por duas razões principais: uma é que o motor 1.3 era derivado do motor 1.050 a gasolina que a Fiat igualmente já produzia aqui; e outra é que a filial brasileira tinha capacidade produtiva de sobra, ao contrário da matriz. Fiat 147 era vendido como 127 Diesel na Europa e utilizava motor produzido no Brasil Saulo Mazzoni Os 127 Diesel foram oferecidos na Europa até 1987 e, inclusive, receberam a mesma reestilização dos modelos no Brasil, com para-choques mais largos, de plástico. Mas, antes disso, em 1983, a Fiat percebeu que os potenciais compradores do 127 Diesel também poderiam se interessar — e muito — por uma versão do novíssimo Uno com esse combustível. E como o Brasil, e só o Brasil, fabricava esse motor, o jeito mais rápido e econômico era mesmo mandar daqui para lá os motores — que, inclusive, não sofreram nenhuma mudança técnica em relação aos do 127. Falando nisso, esse motor diesel tinha a mesma potência do Uno 45, ou seja, 45 cv, mas em torque levava vantagem: 7,6 kgfm contra 6,8 kgfm. Entretanto, o Uno a diesel era 100 quilos mais pesado, o que fazia com que seu desempenho fosse quase sempre igual ou até pior que o do modelo a gasolina. A maior vantagem, porém, estava no consumo, com marcas invejáveis de até 28 km/l (isso a 60 km/h constantes). Initial plugin text Um comunicado da Fiat brasileira à época, encontrado no acervo do Museu da Imprensa Automotiva (Miau), dizia: “A exportação dos motores diesel é um destaque absoluto no programa de embarques de 1983, que deverá gerar uma receita bruta total ao redor de US$ 300 milhões, o que coloca mais uma vez a Fiat Automóveis no rol dos principais exportadores brasileiros”. Fiat Uno a diesel deixou de utilizar motor produzido no Brasil em 1986, ao adotar motor 1.7 produzido em fábrica italiana Divulgação Contudo, o motor brasileiro não teve vida longa no Uno italiano. Saiu de cena em 1986, quando a versão a diesel do hatch recebeu um novo motor 1.7 produzido por lá mesmo, com 58 cv e 10 kgfm, além de outra opção 1.4 turbo com intercooler, saltando para 70 cv e 13 kgfm. Só que a história do primeiro Uno diesel, nascido com motor Made in Brazil, já estava escrita... Marcos Rozen é fundador do Museu da Imprensa Automotiva – Miau mat Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acess
Essa é mais uma manchete indexada e trazida até você pelo site AUTOMUNDO.