Caoa: como o sonho do carro 100% nacional passou de pai para filho

Grupo Caoa surgiu da indignação de um vendedor de carros com a falta de uma marca brasileira de automóveis Por que não temos uma marca brasileira de automóveis? A pergunta foi feita por Carlos Alberto de Oliveira Andrade em nosso primeiro encontro, começo dos anos 1980. Doutor Carlos, como era chamado, tinha acabado de chegar a São Paulo para abrir revendas Ford. Daí minha surpresa com a indignação de um homem que prosperava como vendedor de uma marca estrangeira. Mas a pergunta fazia sentido. O Brasil tinha recursos naturais e profissionais de primeira linha para a criação de uma indústria 100% nacional. As poucas iniciativas nesse sentido, no entanto, dependiam do fornecimento de componentes dos fabricantes tradicionais — nem sempre dispostos a dividir o bolo. + Quer receber as principais notícias do setor automotivo pelo seu WhatsApp? Clique aqui e participe do Canal da Autoesporte. A iniciativa mais ambiciosa foi a Indústria de Automóveis Presidente, a Ibap, fundada em 1963 por Nelson Fernandes, um jovem empreendedor paulistano. Para viabilizar o negócio, Fernandes convenceu 87 mil pessoas a comprar ações de uma empresa que ainda não existia — uma reedição da estratégia de Preston Tucker nos Estados Unidos dos anos 1940. Como Preston, Fernandes foi condenado pela Justiça “por coleta irregular de poupança popular”. Ainda como o americano, o brasileiro foi inocentado 22 anos depois. Tucker construiu 50 carros; Fernandes, cinco unidades do Democrata, sedã com soluções avançadas erguido sobre a base do Chevrolet Corvair. Antes de abrir a própria fábrica e ter a licença para produzir no Brasil, Doutor Carlos era vendedor de veículos Fábrica da Caoa Chery em Anápolis (GO)/Divulgação A Puma, também aberta em 1963, era menos pretensiosa. Focada na construção de carros esportivos com base e mecânica DKW e depois Volkswagen, preparava-se para a fabricação de chassi próprio quando trocou de mãos, em 1995, definhou e agora ensaia seu retorno. Um dos muitos méritos da marca foi plantar a semente de uma criativa indústria de carros fora de série a partir dos anos 1970 até a reabertura das importações, no começo de 1990. E houve a Gurgel Motores, fundada em 1969 pelo engenheiro João Augusto Conrado do Amaral Gurgel, um visionário de fortes convicções e criador de modelos de sucesso, como o X-12. Gurgel investia no Projeto Delta, de carro urbano, quando perdeu apoio do governo e abriu falência. Fechou em 1996. Também houve a Troller, fundada em 1995, comprada pela Ford em 2005 e fechada em janeiro de 2021. João Augusto do Amaral Gurgel na fábrica de Rio Claro no início dos anos 90 Acervo MIAU - Museu da Imprensa Automotiva Sem abrir mão de suas revendas, doutor Carlos entrou no ramo das importações com a Renault e a Subaru. Abriu uma moderna fábrica em Anápolis (GO) e passou a fabricar sob licença veículos Hyundai. Cercou-se de um time de engenharia de primeira linha e investiu na qualidade dos Chery, marca chinesa da qual foi sócio. Apurou seu feeling de mercado, aprendeu com as críticas, investiu em publicidade e, como sempre, administrou os negócios com mão forte. Initial plugin text Agora, 40 anos depois daquele meu encontro com doutor Carlos e dois anos após sua morte (em agosto de 2021), leio que seu sucessor, Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho, pretende desenvolver um carro inédito, provavelmente um SUV, com a marca Caoa. Desta vez, zero surpresa de minha parte: este era o caminho natural traçado pelo vendedor que se indignava com o fato de países com menos recursos que o nosso terem uma indústria para chamar de sua. Carlos Alberto de Andrade Filho, presidente do grupo Caoa, quer desenvolver carro inédito sob a marca criada pelo pai Gabriel Reis/Valor/Autoesporte Nesta era digital, alcançar a marca de 700 revistas impressas é um feito a ser comemorado. Sim, você pode ler sua AE no smartphone, mas acredite: nada substitui a agradável sensação de folhear as páginas de uma revista. Gurgel: o sonho de um fabricante brasileiro de automóveis se tornou realidade há 50 anos Omoda Jaecoo se diz "próxima de acordo" com Caoa por fábrica; brasileira nega Indústria automotiva tem o maior nível de emprego desde janeiro de 2023 Quer ter acesso a conteúdos exclusivos da Autoesporte? É só clicar aqui para acessar a revista digital. Mais Lidas

Caoa: como o sonho do carro 100% nacional passou de pai para filho
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